“Investimentos cautelosos, saber esperar e decisões ponderadas” são três premissas inerentes à Herdade das Servas, projeto que os irmãos Carlos e Luís Serrano Mira fizeram nascer e têm vindo a construir há 18 anos. Em 2016, a marca ‘Vinha das Servas’, de vinhos de entrada de gama, vai ser descontinuada. Uma decisão que representa 800 mil garrafas – vendidas na totalidade de ano para ano – e 27% em valor do negócio. A família Serrano Mira passa assim a comercializar as marcas ‘Herdade das Servas’ (topo de gama); ‘Monte das Servas’ (gama média); e ‘Valle das Servas’ (gama média; presente apenas na Makro, no Grupo Auchan e em alguns mercados externos).
A colheita de 2015 foi pautada por uma quebra de produção que, aliado a um decréscimo natural transversal a toda a região do Alentejo, levou à reconversão de vários hectares de vinha. A conjuntura que levou à decisão de descontinuar a marca Vinha das Servas adveio de alterações não apenas na vinha, mas também na adega, que foi alvo de um significativo investimento, a fim de aumentar a sua capacidade de vinificação.
O administrador e diretor de enologia Luís Serrano Mira enquadra, afirmando que “neste campo, em 2015 tivemos o cenário ideal: foi a adega que esperou pelas uvas; entraram na adega no timing certo e em perfeito estado de maturação. A somar, o facto de termos reforçado a equipa de viticultura/enologia, o que melhorou a performance dos trabalhos na vinha e na adega e, consequentemente, os resultados”.
Luís Serrano Mira conclui que, “com a nossa dimensão [a Herdade das Servas produz cerca de 1.800.000 garrafas por ano], o mais expectável seria mantermos a marca ‘Vinha das Servas’, mas tendo em conta a conjuntura com que nos deparámos, isso só seria possível se comprássemos uvas ou vinho, o que não vai ao encontro da nossa política: fazer vinho de qualidade com uvas próprias. Vamos ter um grande desafio pela frente, mas tudo faremos para contrariar o panorama geral do sector, em que a desmedida guerra de preços tem vindo a empurrar as empresas para a venda de vinhos a preços cada vez mais baixos”. O produtor acrescenta ainda que “acreditamos na força das nossas marcas: ‘Monte das Servas’ é a nossa âncora, sendo responsável por 48% das vendas, e ‘Herdade das Servas’ a nossa marca premium, que este ano vai crescer com a entrada de novas referências”.
No que toca aos vinhos sob a marca ‘Herdade das Servas’, 2016 vai ser um ano de estreias. São cinco, no total: um Alvarinho, um Reserva branco, um novo tinto da gama Herdade das Servas, um monocasta chamado ‘Herdade das Servas Parcela V’ e um Colheita Tardia. No que toca a novas colheitas, chegaram recentemente ao mercado o branco, rosé e tinto da marca ‘Monte das Servas Escolha’; o ‘Herdade das Servas Syrah-Touriga Nacional tinto 2013’; e o ‘Herdade das Servas Colheita Selecionada branco 2015’.
A família Serrano Mira é uma das mais antigas na produção de vinho do Alentejo. Nas suas propriedades foram conservadas talhas de barro utilizadas na feitoria do vinho que datam de 1667. Estávamos em 1955 e o bisavô materno dos irmãos Carlos e Luís – a sexta geração de vitivinicultores desta família – foi um dos três sócios fundadores e o primeiro presidente de uma Adega Cooperativa no Alentejo. O avô paterno, Manuel Joaquim Mira, foi o primeiro a engarrafar os vinhos da família, na década de 1940, tendo criado uma das primeiras empresas particulares na produção de vinhos no Alentejo. Para perpetuar a história e a ligação da família ao mundo do vinho, mas desenhando e construindo um novo caminho, os irmãos Serrano Mira arrancaram, em 1998, com o projeto da Herdade das Servas.