A fertilidade é muito mais do que um simples processo biológico. É o reflexo de um corpo em equilíbrio, onde a saúde intestinal, a nutrição, o sono e o estilo de vida desempenham papéis fundamentais.

Foi esta a mensagem-chave do evento “Fertilidade sem Tabus”, que reuniu especialistas para explorar de forma clara e descomplicada os fatores que influenciam a capacidade de gerar vida.

VirginiaMarques

A sessão contou com a participação da nutricionista Virgínia Marques, especialista em nutrição na fertilidade e gravidez, que trouxe uma visão poderosa e pouco abordada em contexto clínico “A qualidade dos óvulos não é um acaso. Ela é construída todos os dias, através das escolhas que fazemos, especialmente à mesa.”    

“A fertilidade não é sorte nem acaso, é o reflexo diário das escolhas que fazemos pelo nosso corpo, principalmente na alimentação. Cuidar do que comemos é cuidar da vida que queremos criar”, concluiu Virgínia Marques. 

Hoje sabe-se que um intestino saudável é essencial para o equilíbrio hormonal. Uma microbiota intestinal diversificada e equilibrada contribui para uma melhor absorção de nutrientes, fortalece o sistema imunitário e ajuda a reduzir a inflamação sistémica, uma das grandes inimigas da conceção.

Muitas vezes ignorados, os défices de vitaminas e minerais afetam diretamente a qualidade das células reprodutoras e o ambiente uterino. Nutrientes como o ácido fólico, a vitamina D, os antioxidantes (como a vitamina E) e minerais como o zinco e o selénio são essenciais para a formação celular e a proteção contra o stress oxidativo.

A inflamação de baixo grau e persistente pode alterar os níveis hormonais, comprometer a ovulação, dificultar a implantação do embrião e afetar a qualidade do esperma. A alimentação anti-inflamatória, rica em ómega 3, frutas, legumes frescos e com menos alimentos ultraprocessados, torna-se um verdadeiro aliado da fertilidade.

O equilíbrio hormonal é determinante para a ovulação, a produção de espermatozoides e a preparação do útero para a gestação. Um estilo de vida saudável e uma alimentação rica em nutrientes reguladores podem fazer a diferença na produção e estabilidade hormonal.

O sono reparador influencia o sistema endócrino e reduz os níveis de stress, outro fator que interfere com a fertilidade. Dormir bem favorece a produção de melatonina, hormona que regula o ciclo menstrual e melhora a qualidade do esperma, além de promover a regeneração celular.

Durante a demonstração culinária do evento, foram partilhadas receitas práticas e acessíveis, com base científica, pensadas para apoiar todas estas áreas: desde a redução da inflamação até ao suporte nutricional das células reprodutoras. A proposta é simples: fazer da comida um verdadeiro remédio.

Fertilidade sem Tabus” propôs uma nova forma de olhar para o corpo e para a conceção: sem julgamentos, com mais consciência e valorizando os pequenos gestos do dia a dia que têm um grande impacto no processo de gerar vida.