À beira do Tejo, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, Marlene Vieira vai abrir um novo espaço com dois conceitos distintos de restauração. Lá vai haver um novo gastrobar com um dessert bar incluído, assim como um novo restaurante de assinatura.

“Este é um projeto ambicioso, em que pretendo criar um novo receituário português”, revela Marlene Vieira. “É um novo começo para mim, em que a minha única âncora vão ser os nossos produtos autóctones”.

O edifício do arquiteto Carrilho da Graça, onde se localizam os espaços, é novo, sem o peso da História, permitindo-lhe libertar-se também da rigidez das receitas, e focar-se apenas nos sabores nacionais.

Ao seu lado no Dessert Bar está o chef pasteleiro Luca Arguelles, que se encontra a trabalhar para este projecto há mais de seis meses. Este será um espaço de experimentação, onde a criatividade e a surpresa serão duas constantes.

Chef de cozinha com alma do Norte e com 35 anos, Marlene Vieira começou a trabalhar aos 12 anos. Pediu aos pais que a deixassem trabalhar num restaurante durante as férias de verão. Depois desta experiência, passou a dividir o tempo entre a escola e a cozinha, e aos 16 anos inscreveu-se na Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira.

Começou por trabalhar num hotel de charme em Vila do Conde. Depois de ano e meio, fez a mochila e viajou até Nova Iorque, onde trabalhou num restaurante português, de nome Alfama, em Manhattan, durante dois anos. Regressada ao seu país, trabalhou em hotéis de 5 estrelas e alguns restaurantes. Em 2009 participa pela primeira vez no concurso Chefe Cozinheiro do Ano.

Com 31 anos, decide que quer seguir o seu caminho a solo e abre o Avenue, em Lisboa. Aí, durante três anos, mostrou o seu trabalho. O restaurante fechou no dia em que nasceu a filha, Isabel.

Em 2018 lança o primeiro livro, “Os doces da Chef Marlene”, no qual reuniu 80 das suas receitas divididas pelos 12 meses do ano, ao sabor dos frutos e ingredientes da estação.

Em 2019, foi uma das convidadas do XX Fórum Gastronómico da Coruña, onde expôs uma pequena amostra da sua cozinha. Foi ainda uma das figuras convidadas para integrar a série da RTP “História da Gastronomia Portuguesa”.

Num mundo extremamente competitivo, Marlene Vieira acredita que pode servir de “inspiração”. “Ambiciono fazer a cozinha que quero e ser admirada nesta área. Cozinho gastronomia portuguesa e tento respeitar as receitas originais”, considera.